“X” na mão: Banco do Brasil assina termo de adesão à Sinal Vermelho

 

Mais de cinco mil agências espalhadas pelo país e quase 100 mil funcionários estarão juntos no combate à violência doméstica

Há um ano, o “X” na palma da mão tem unido os Poderes, a sociedade, e agora, uma das mais importantes instituições financeiras do país na luta contra as agressões ao gênero feminino. O Banco do Brasil (BB) assinou o termo de adesão à campanha idealizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entre os principais compromissos do BB é auxiliar na divulgação da Sinal Vermelho e providenciar o treinamento de funcionários para acolher às mulheres vítimas de violência.

“Com engajamento do Banco do Brasil, mais um pedacinho desse sonho grande se torna realidade porque nós vamos interiorizando a campanha. No interior, as mulheres têm muitas dificuldades de denunciar. A gente sabe que o Banco do Brasil está em cada cantinho do país, e tem credibilidade perante a sociedade. Isso engrandece muito o trabalho que a AMB e o CNJ estão realizando”, avaliou a presidente da AMB, Renata Gil.

Atualmente, o Banco do Brasil possui 5.005 agências espalhadas pelo país e conta com quase 100 mil funcionários.

“São as nossas unidades espalhadas por todo o Brasil que servirão de bases de apoio para o combate à violência contra as mulheres. Nosso dever de casa já está anotado – aderir, divulgar e conscientizar a acolher. O Banco do Brasil se sente muito honrado em aderir à campanha da AMB. Neste momento, passa a fazer parte de nossa história ser um importante instrumento de combate à violência contra a população feminina”, afirmou o presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, que acrescentou ainda que o BB sempre foi pioneiro em sua relação com as mulheres. “Em 1929 quando o trabalho da mulher e empregos eram coisa rara, o Banco admitiu a primeira mulher na instituição – Ema de Medeiros, Pelotas/RS”.

A conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Tânia Regina Silva Reckziegel destacou a importância da conscientização da sociedade no enfrentamento à violência doméstica.

“Quando falo em feminicídio e violência doméstica sempre faço uma fala: todos perdem, a sociedade perde. A família perdeu aquela mãe, mas a sociedade toda perdeu. Aquelas crianças serão órfãs, provavelmente, aquele agressor vai para cadeia. Isto é um mal que precisamos combater. Hoje, estamos aqui com grande parceiro [Banco do Brasil], nós vamos avançar e salvar muitas vidas”, afirmou Tânia Regina Silva Reckziegel.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antonio Dias Toffoli falou sobre a vulnerabilidade das mulheres no período da pandemia e a importância do engajamento dos Poderes contra a banalização da violência.

“Dentro do imperativo constitucional da igualdade entre os gêneros, o fim da violência doméstica deve incluir os Três Poderes e todas as esferas de governo, no intuito que possamos enfim, concretizar o ideal do Estado democrático de Direito, no qual homens e mulheres sejam de fato iguais de direitos e obrigações”, afirmou o ministro que acrescentou ainda: “recentemente, o STF teve a oportunidade de reafirmar o direito constitucional a igualdade de gênero ao rechaçar a tese da legítima defesa da honra, no âmbito do Tribunal do Júri e aceitar a inviabilidade de se imputar à mulher a causa de sua própria morte”.

De acordo com a ministra do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, menos de 30% dos municípios do Brasil tem uma estância de proteção à mulher – 19% das cidades têm uma delegacia da mulher.

“Vocês têm a ideia da importância das mulheres saberem que poderão correr para uma agência do Banco do Brasil para pedir socorro? Vocês hoje trazem uma esperança para mulheres que estão vivenciando um clico de violência e achavam que estavam sozinhas”, refletiu.

A ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, deputada Federal Flávia Arruda, destacou a importância dessa parceria para as mulheres brasileiras.

“Hoje, nós temos o Banco do Brasil nesta luta a favor da mulher, o Banco que tanto nos orgulha, que está em todo país e será mais um espaço de acolhimento a essas mulheres e a nossa campanha. O Banco chega a todos os lugares, dos maiores aos menores municípios”, comemorou a ministra.

Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, a campanha Sinal Vermelho chega a tempo hábil, como forma de prevenção ao feminicídio.

“A prevenção funciona e funciona muito bem. A Sinal Vermelho é importantíssima na questão da prevenção contra a violência doméstica, que é uma mazela que atrapalha todo o nosso país e tem consequências terríveis para a nossa sociedade”, afirmou Anderson Torres.

Contra a banalização

O Painel de Monitoramento da Política Nacional de Enfrentamento à Violência Doméstica do CNJ revelou que em 2020, houve 2.788 casos novos de feminicídios, no país, aumento de 44% em relação a 2019, quando ocorreram 1.941 registros. Paralelamente, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que uma a cada quatro mulheres brasileiras sofreram algum tipo de violência durante a pandemia.

Atualmente, o “X” na palma da mão tornou-se Lei em 10 estados e no DF e pode ganhar legislação federal. O Pacote Basta, que instituiu, nacionalmente, a Sinal Vermelho e dá outras providências, foi aprovado por unanimidade pela Câmara dos Deputados e será apreciado pelo Senado Federal.


Jonathas Nacaratte (ASCOM)