Magistrada orientou mulheres a denunciar abusos
No dia em que os dados do 14ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública comprovaram alta nos feminicídios, a presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Renata Gil, assumiu o instagram da atriz Giovanna Antonelli para falar sobre a campanha Sinal Vermelho. O relatório mostra que o número de feminicídios e violência contra mulher cresceram de 1,9% no primeiro semestre de 2020, saíram de 636 para 648. Enquanto isso, as denúncias diminuíram 9,9% em comparação ao mesmo período do ano passado.
“É muito triste constatar que o lar é um dos lugares mais perigosos para a mulher. Segundo o anuário, quase 90% dos crimes que foram registrados em 2019 foram cometidos pelos companheiros das vítimas”, afirmou a magistrada.
O documento mostrou também que houve aumento de 3,8% nos chamados para atendimento de violência doméstica feitos ao 190 nos seis primeiros meses deste ano. “Quando você denuncia, está ajudando a quebrar o ciclo de violência”, disse Renata Gil. “A nossa campanha tem o objetivo de salvar vidas, uma vez que muitas mulheres morrem sem denunciar”, disse.
A presidente da AMB lembrou que a denúncia proposta pela campanha Sinal Vermelho é simples: basta fazer um X na palma da mão e mostrar para um atendente de farmácia que ligará para as autoridades competentes. Renata Gil informou que se reuniu com a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) para ter auxílio na divulgação da campanha.
Leia aqui a íntegra da 14ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O número de feminicídios no Brasil aumentou 43% desde 2016, primeiro ano inteiro de vigência da lei que tipificou o crime, em 2015, com o Novo Código Penal. Além disso, 66,6% das vítimas eram negras e 56,2% tinham entre 20 e 39 anos. Os dados do Anuário foram compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, baseados em informações das Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social dos Estados.
A live também contou com a participação da juíza Maria Domitila Manssur, que foi uma das idealizadoras do projeto. “Eu vi que muitas pessoas se aproximaram e demonstraram se preocupar com o próximo. Não é fácil porque há pouco tempo as pessoas nem falavam sobre a violência contra a mulher. É muito importante conversar sobre o assunto para que as mulheres escolham como viver suas vidas. Temos objetivo de conscientizar, de instruir e de mudar nossa cultura patriarcal que gera essa onda de violência”, disse.
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Mahila Lara
Associação dos Magistrados Brasileiros