Campanha “Sinal Vermelho” convoca homens a combater a violência doméstica

Campanha “Sinal Vermelho” convoca homens a combater a violência doméstica

Live entre o escritor Augusto Cury e Renata Gil, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), abriu a nova etapa do projeto

A campanha “Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica”, que incentiva mulheres vítimas de abusos, ameaças e agressões a pedir ajuda por meio de um “X” vermelho na palma da mão, completa dois anos neste mês com uma nova missão: depois de se tornar programa de cooperação previsto em lei federal e nas legislações de dezoito Estados e do Distrito Federal, o objetivo agora é conscientizar os homens.

A nova fase da campanha, coordenada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em conjunto com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pretende evidenciar o papel masculino no enfrentamento à violência de gênero. “O engajamento dos homens é fundamental. Só construiremos uma sociedade livre, justa e igualitária no dia em que nenhuma mulher sofrer violações somente por ser mulher”, afirmou Renata Gil, presidente da AMB.

Lançada em junho de 2020 em decorrência do crescimento dos índices de feminicídio durante a pandemia de covid-19 – em razão do isolamento social, muitas mulheres passaram a conviver mais tempo com os agressores –, a campanha “Sinal Vermelho” rapidamente ganhou todo o país. Cerca de 15 milhões de pessoas foram impactadas nas redes sociais com o compartilhamento de quase 30 mil fotos através da hashtag “#sinalvermelho”.

Com a divulgação, inúmeras mulheres que viviam sob vigilância constante buscaram auxílio ao se dirigirem a farmácias com o “Sinal Vermelho” marcado na mão. O sucesso foi tamanho que houve, em seguida, a adesão de shoppings centers, agências bancárias, cartórios, tribunais e órgãos públicos – que, além de socorrer a vítima, estão orientados a chamar a polícia imediatamente.

“Chegou a vez de convocarmos os homens. A legislação rigorosa e a possibilidade de punição não são suficientes. Todos precisam se comprometer efetivamente e assumir a responsabilidade de quebrar o ciclo da violência doméstica”, enfatizou a presidente da AMB.

A abertura do novo estágio da campanha ocorreu na quinta (9/6), em uma live com a participação do escritor Augusto Cury. Ele debateu com Renata Gil a importância de os homens atuarem no combate à violência contra a mulher (assista aqui).

Histórico

De acordo com a presidente da AMB, no primeiro momento, a intenção da campanha foi difundir ao máximo o “Sinal Vermelho”, para que as mulheres soubessem que têm à disposição esse mecanismo silencioso de denúncia. “Na segunda etapa, nós buscamos a parceria de diversas entidades para fortalecer o trabalho institucionalmente. E o resultado foi a mudança dos marcos normativos”.

Renata Gil se refere à Lei 14.188, de 28 de julho de 2021, que não apenas criou o programa de cooperação “Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica” como também criminalizou a violência psicológica contra a mulher. Esse novo diploma legal é fruto de uma sugestão da AMB – o “Pacote Basta!” – que foi aprovado em prazo recorde pelo parlamento: menos de quatro meses entre a apresentação e a aprovação.

Após a sanção da nova lei, Renata Gil esteve na Espanha e nos Estados Unidos, onde se reuniu com autoridades locais e deu início ao processo de internacionalização da “Sinal Vermelho”. Neste mês, a juíza desembarca em Roma para reuniões com congressistas italianos. “Nós queremos que, no longo prazo, todas as mulheres, independente de sua origem ou idioma, possam se valer desse instrumento tão importante”, ressaltou a magistrada.

ASCOM